COMUNIC-AÇÃO CRIATIVA COM DANÇAS CIRCULARES E TRADIÇÕES DOS POVOS DA AMAZÔNIA

É Lua Nova indicando o início do ciclo lunar. Período propício à semeadura. Corresponde também o tempo das grandes águas ou marés na Amazônia. Alinhada entre o Sol e a Terra, a lua influencia a natureza fora e no interior da terra. Um inspirador convite para fecundação de novas idéias, caminhos e atitudes de comunicação criativa para o “bicho-homem”. Afinal, na natureza em sua totalidade, se desenvolvem e manifestam os processos e tecnologias mais avançadas de comunicação.

A pombinha voou, sentou

Foi embora e me deixou

Pombinha quando tu fores

Me escreve lá do caminho

Se não tiver papel

Na asa do passarinho

A origem da palavra “tecnologia” vem do grego Thechné = arte, habilidade, portanto tecnologia é o estudo das artes e habilidades. Mas, a visão reducionista só enxerga o lado das máquinas e dos equipamentos. Entretanto, o Estado é feito de pessoas, de gente que tem aspirações, que se nutre de esperanças para o dia de amanhã e que é capaz de recriar a própria realidade diante dos desafios, cada vez mais complexos, gerados justamente pelo acesso fácil e rápido à informação, em tempos de globalização. Temos na tão cantada e decantada Amazônia, um original case de comunicação e de criatividade humanas. Habitantes de comunidades remanescentes e tradicionais, em sua grande maioria, completamente alheia a essas novas tecnologias de informação, manifestam com absoluta propriedade outros meios e linguagens para expressarem seus valores e saberes; para se organizarem e se articularem social e politicamente.

O meu pai é de quilombo

Eu também sou quilombola

A minha grande cultura e dança

Uma grande roda

A cultura e as linguagens artísticas revelam-se como meios, ferramentas e tecnologias sociais únicas, capazes de dialogar com a realidade do Século XXI, sem reduzir, nem tão pouco excluir,

qualquer dimensão do processo de desenvolvimento sócio-cultural político-econômico da sociedade. O reconhecimento, valorização e incorporação dos saberes e viveres dos povos originários e tradicionais, sua cultura – práticas, crenças, medicina nativa, espiritualidade, interações humanas e com o ambiente; e a vida em comunidade, significa promover a livre e criativa conexão entre “raízes” e “antenas” na comunicação, na educação, no trabalho, na família e na vida como um todo…