
DANÇANDO ARQUÉTIPOS E SÍMBOLOS DA ASTROLOGIA
Foram dois dias de pausa para movimentar. Isso mesmo, um movimento
para o qual foi preciso “puxar o freio de mão” da aceleração diária,
rotineira, quase esquizofrênica que vivenciamos na lida pela
sobrevivência durante o ano inteiro.
O convite era para DANÇAR integralmente, ou seja, viver o simples,
entrar em contato com a terra, diluir-se entre as águas – de igarapé,
de lago, de bica, de chuva, sentir o calor do sol amazônico; respirar
o cheiro da mata e então colocarmo-nos em outro movimento – o cíclico,
da vida, da comunhão com a natureza, com os elementos, com os astros
que constelam nosso mapa natal, ainda que desconhecessemos essa
configuração através da Astrologia. Afinal trata-se de um saber que
está além da razão. Uma pena que nos tempos de hoje, muito dessa
Ciência, tenha se distanciado de nossos modelos de educação ocidental,
ainda que um dia tenha sido reconhecida e respeitada, por muitas
civilizações. E se restringiu e popularizou à serviço das
“adivinhações do futuro”. Como se o “futuro” não dependesse do
presente ou não tivesse a ver com o passado, sendo uma elementar
exterioridade, desvinculada da atitude pessoal e coletiva da
humanidade.
Um grupo de vinte e duas pessoas aceitou o convite e na Arte Fazenda
Renascer, na Vila de Apeú a 60 km de Belém/PA. pudemos mergulhar nesse
universo não-linear dos astros, dos arquétipos, dos símbolos, com
muita leveza e profundidade, a partir das Danças Circulares Sagradas,
focalizadas pela simplicidade, delicadeza e ao mesmo tempo firmeza e
maturidade da Psicóloga Junguiana paulistana, Maria Rosa de Freitas,
caminhante/dançante deste mundo afora, que pela primeira vez não só
dançou na Amazônia, mas aqui colocou os pés. Não parecia, a
desenvoltura com que se entregou e integrou ao lugar, ao grupo, aos
sabores, ao tempo, ao ritmo, à natureza foi instantânea. Algo parecia-
lhe muito familiar. E era!
N.Sra. de Nazaré, o arquétipo da Grande Mãe na Amazônia, que ela
jamais soubera, toca-lhe fundo à alma. As Danças Sagradas da Amazônia
com as quais ela pôde ter um rápido contato, lhe comunicaram sobre a
força de um feminino, na presença do elemento água – a maleabilidade;
no encontro com o fogo – a sedução; com a terra – na firmeza dos pés
no chão e no sopro do ar – nos giros amplos e insistentes dessas
danças. O corpo e a alma de uma brasileira, em plena intimidade com
sua porção negra, indígena e branca , na Amazônia. Bonito de ver!
Em torno das forças arquetípicas presentes na roda astrológica, danças
tradicionais de vários povos, observadas à luz da Psicologia Junguiana,
dão um outro sentido às qualidades inerentes a esses elementos – água,
terra, fogo e ar, que puderam ser reconhecidas e vivenciadas a partir
de outro ponto de vista – do interno, do imaginário, do simbólico.
Muito se dançou, riu, conversou, trocou, descansou, silenciou e
observou com inteireza, afinal dançar de mãos dadas no círculo, em
contato direto com a natureza, fazer uma alimentação regional rica em
nutrientes, banhar-se nas doces águas amazônicas, dormir em espaços
coletivos, alternativos, criativos e mudar toda uma rotina urbana,
doméstica, para compartilhar tudo isso com novos e velhos conhecidos-
as, pedem tão somente o desprendimento e a espontâneidade necessárias,
que a própria Dança Circular favorece.
A fertilização foi feita, cabe a cada um-a, prenhe dessas
possibilidades, nutrir e cuidar para que o “milagre” de uma nova VIDA
aconteça, no alvorecer de mais um ANO NOVO.
ATÉ O EMBALO DA PRÓXIMA REDE EM 2008.
SINTA-SE CONVIDADO-A!
Texto produzido após a realização de um Workshop do Programa REDE DE EMBALO da organização Mana-Maní Círculo Aberto de Comunicação, Educação e Cultura – Fevereiro/2007