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DANÇAS SAGRADAS E TRADIÇÕES DA AMAZÔNIA UMA DESCOBERTA DE CORPO E ALMA

Jan 10 2008

DANÇAS SAGRADAS E TRADIÇÕES DA AMAZÔNIA UMA DESCOBERTA DE CORPO E ALMA

“Meu povo ainda vive nesta terra há muito tempo, desde o tempo em que o mundo ainda não tinha a forma de hoje. Os povos da floresta guardam a memória da criação do mundo, dos princípios fundamentais da vida. Sentimos que temos de impedir que a civilização ofenda a natureza.

Todos nós temos a lembrança do dia em que o mundo cuidava de todas as pessoas – alimentado, velando, fazendo-nos dormir com as canções dos pássaros, dos rios, das cachoeiras e das florestas. Cada estação nos ensinava que existe um tempo certo para cada atividade. Queremos mostrar ao povo das cidades que é possível à raça humana alcançar a sua aventura com a natureza ainda viva. Queremos construir nos corações das pessoas das cidades uma bela floresta, feita de amizade, música e festa. Então, poderemos pacificar o seu espírito, para que possam conviver com os povos das floresta. Esta é a nossa mensagem.”

(Depoimento de Ailton Krenak, presidente da Aliança dos Povos da Floresta, para o livro“Save the Earth”).

É neste universo de saberes, de consciência e de cura que as Danças Sagradas da Amazônia fazem movimentar nossa existência.

Entre rios e floresta, entre lendas e cantos, os ecossistemas amazônicos – o corpo da Mãe-Terra, “falam”  ao nosso corpo, despertam ritmos e harmonias adormecidas ou talvez esquecidas, num encontro alegre e ao mesmo tempo íntimo com nossa alma indígena–africana-européia.

Dançar a Amazônia é dançar a essência da alma brasileira. Na região, apesar dos imensos desafios provenientes da “globalização etnocêntrica”, ainda há uma forte e variada presença de povos tradicionais como indígenas, quilombolas (remanescentes de quilombos) e ribeirinhos, detentores de saberes e tecnologias milenares, cada vez mais necessárias para a sociedade atual.

A mistura dos povos na Amazônia, faz com que a região seja uma grande referência não só para o Brasil, como para o mundo, por ser detentora da maior diversidade biológica, genética e cultural do planeta. Mas, como lidamos ou nos apropriamos disso no cotidiano da vida pessoal e coletiva?     

Observamos nas danças tradicionais nascidas da mistura entre indígenas, africanos e europeus – a força dos pés no chão; a alegria e a generosidade que nascem do movimento redondo e fluido da pélvis, o famoso “jogo de cintura”; a sincronicidade e a fluidez entre mãos (o fazer) e pés (os passos a dar) livres, vibrantes, porém harmônicos e coerentes; as diversas articulações que se integram e mobilizam  os princípios feminino e masculino.  Pura manifestação da Criatividade! Estamos falando de qualidades, conquistas, valores e consciência acessíveis com a prática das Danças Circulares Sagradas da Amazônia.

Impregnada de floreta e água doce, a Amazônia, manifesta nessas danças, a expressão viva de uma ancestralidade em movimentos, cantos, ritmos, histórias, lendas e mitos, que são um verdadeiro chamado para o cuidado, não só com a riqueza material e imaterial desse “canto” (como se diz por aqui, com referência a um lugar) do mundo, mas especialmente do próprio coração, morada do Corpo e Alma e que dá sentido à VIDA.

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Texto produzido sobre o Workshop “Danças  Sagradas, Cantos, Lendas e Mitos da Amazônia” realizado p/ Déa Melo de 14 a 16 de Março de 2008 no Retiro Rosa de Nazaré – Nazaré Paulista/SP

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