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FÉRTEIS DANÇAS DE RECÔNCAVO

Set 09 2012

FÉRTEIS DANÇAS DE RECÔNCAVO

“Pra falar como é o Coco eu nem sei como explicar, porque pra explicar, só eu cantando”

A voz de D.Lenita Lina, Mestra do Coco de Roda de Novo Quilombo/Paraíba, numa roda de Mestres, revela e sugere uma visão paradigmática da função política, comunitária, pedagógica e comunicativa das artes e linguagens da cultura tradicional no Brasil e no ocidente. Não é de hoje que cantores, dançarinos, atores e artistas diversos têm competência para reunir de uma só vez pessoas em torno de temas como cultura, educação, meio ambiente; vida pública e íntima, por meio das linguagens humanas/artísticas. Desde a Grécia antiga já era assim.

Dona Lenita e outros mestres com seus grupos de cultura de raiz, como o Carimbó do Pará, o Jongo do Sudeste e o Samba de Roda da Bahia, mostraram, ao vivo e a cores a potencialidade das narrativas identitárias do povo brasileiro de matriz africana, durante a II Mostra do Samba de Roda do Recôncavo Bahiano. A Mostra propôs uma corajosa estética de participação viva e ativa, desenhando uma jornada que iniciou em Salvador/BA e seguiu por Santo Amaro e Maragogipe encerrando em Irará, entre os dias 16 e 19 de Agosto passado. Uma realização da Associação de Sambadores e Sambadeiras do Estado da Bahia – ASSEBA, através do Prêmio Funarte – Procultura de apoio a Festivais e Mostras de Música.

A arquitetura de festa popular com tambores diversos, danças, cantos e poesia, propiciou comunicação social glocal (local e global), oferecendo informação, visibilidade, sociabilidade, diálogo, partilha de experiências, vivências, reflexão e interação entre todos e todas – organizadores, produtores, grupos de cultura, mediadores culturais, acadêmicos e participantes, imprensa e mídias interessadas; já que em festas como essa, a comunicação flui sem barreiras, pois emissor e receptor pode ser qualquer pessoa.

A Mostra, merece ser mostrada – com trocadilho e tudo…O que faz com que um país como o Brasil com tão vasto patrimônio biológico e cultural, siga clamando por soberania alimentar, por defesa dos bens comuns e por justiça social e não enxerga justamente eles, os povos originários e tradicionais, como estratégia inteligente para satisfação dessas necessidades com criatividade?

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